quarta-feira, 25 de maio de 2011

Filosofia e o ensino

Não há coisa mais popular e menos estranha do que a filosofia. Basta prestar atenção às rodas de conversas em que se reúne o povo. Em qualquer reunião, nas famílias, nas escolas, nas igrejas, nas repartições públicas, nos bares, nos hospitais, nos asilos, nos bancos das praças, nos salões de beleza, nos táxis, nos ônibus, enfim, em todos os lugares, se conversa, se dá opiniões, se defendem pensamentos. A isso chamamos de amigos da sabedoria. Filos = amigos+Sofia = sabedoria, que palavra grega sábia, não?
Todos sabem alguma coisa, todos conhecem alguma coisa. Aquele que nunca freqüentou os bancos das escolas sabem muita coisa. Às vezes, até mais do que os que freqüentaram. Saber conhecer já é filosofia. Já nascemos com a filosofia, com o desejo de saber.
Um dos maiores filósofos antigos, Aristóteles, iniciou uma de suas obras com a seguinte frase: “Todos já nascemos com o desejo de saber.” Assim, vemos que os seres humanos são de fato, diferentes, são sábios.
Temos muitos desejos, desejo de sexo, de comida, de bebida, de viver, de crescer, etc. Mas o desejo de saber é o maior de todos. Isso porque esse desejo não acaba, os outros sim. Aliás, temos dois desejos que nunca se acabam: Primeiro, o desejo de amar e ser amado(a). Segundo, o desejo de saber. E quando ficamos só com os desejos que passam, então a nossa vida vira uma desgraça.
Quando conseguimos adquirir os desejos que não passam, ficamos saciados, felizes, realizados.E os desejos que passam, tornam-se para nós coisas de segundo plano, isso não significa que sejam coisas ruins ou dispensáveis.
O caminho da felicidade está naqueles que buscam em Deus, em si mesmos, nos outros e na natureza, a Verdade. A busca de auto-conhecimento manifesta-se em nós pelas perguntas que vamos fazendo. Somos seres que perguntam, que questionam, que criticam... Perguntamos porque desejamos saber sempre mais.
A criança perguntando, indica o começo da filosofia em sua vida. Mais tarde, basta aprofundar, desenvolver, fazer germinar essa semente que está plantada na natureza dela. Ela poderá desenvolver-se numa grande e frondosa árvore, ou num pequeno arbusto. Depende daqueles que a educarão. Se forem bons filósofos, ela será excelente filósofa. Aqui entra o grande papel do ninho da filosofia, a escola. Como é importante encontrar um bom mestre, uma boa escola. Uma escola que provoca o senso crítico, a capacidade de pensamento correto aos seus formandos. Uma escola que a cada dia vai-se inovando, isso também é filosofia, pois ela está pensando. Uma escola que não fica presa aos antigos métodos acadêmicos, mas que vai ao encontro da realidade daqueles que com ela fazem filosofia. E com certeza absoluta, todos os que buscam a Verdade, fazem filosofia, e todos que fazem filosofia, constroem história. O conhecimento, o pensamento, a crítica e auto-crítica, são pesos pesados na construção da história. Uma escola que não leva os seus formandos a serem conhecedores e agentes da historia, não aprendeu fazer filosofia. Ela não é educadora, mas apenas uma instituição informativa.
Se há uma arma forte, capaz de mudar o mundo, é o pensamento humano. A filosofia é de fato a arte de saber conhecer e viver o que se conhece.. Não ter medo de conhecer e tornar-se agente do conhecimento. Filosofia, por que será que falamos tão pouco dela? Será que é porque ela acaba sendo para nós uma coisa estranha?
É isso!

Acácio Nunes
Fonte: Recanto das Letras

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