quinta-feira, 24 de março de 2011










Pensando o Ecoturismo:

perspectivas e dificuldades para a implantação de projetos

32% das pessoas que buscam turismo ecológico no Brasil vêm para o nordeste. Porque elas não chegam a Monteiro e arredores? Esta foi a pergunta provocativa lançada pela bióloga Anamaria Stranz na noite de ontem na conferência "Pensando o Ecoturismo: perspectivas e dificuldades para a implantação de projetos" na UEPB. Anamaria foi convidada para abrir o projeto Quartas Temáticas, que propõe criar um fórum de discussão sobre assuntos importantes para o desenvolvimento da região e de interesse para a sociedade. Para os estudantes e membros da comunidade presentes, Anamaria compartilhou não só seu conhecimento técnico sobre o conceito, as origens e as estatísticas do ecoturismo no Brasil, tanto como o conhecimento prático uma ex-guia e ecoturista experiente, que vem percorrendo as principais trilhas e parques da região, além de sua própria vivência como alguém de fora vivendo no Cariri, os pequenos choques culturais e as dificuldades de assimilação. Concentrando-se no trecho que vem de Campina Grande a Monteiro, pela BR 412, Anamaria indicou alguns dos principais pontos com potencial para o desenvolvimento do ecoturismo, elogiou algumas iniciativas, como o cuidado com a preservação e a qualidade da infra-estrutura para receber o turista no Lajedo do Pai Mateus e o trabalho de preservação e educação ambiental realizado pelo Centro Vida Nordeste da Prata (o trabalho do CVN pode ser conhecido em: www.cvida.org.br). Mas se exemplos de trabalhos bem-sucedidos, como o do CVN, são um estímulo para o desenvolvimento de iniciativas semelhantes, talvez o momento de maior interesse da palestra para os habitantes de Monteiro seja a análise que faz a bióloga das condições do ecoturismo na cidade, particularmente no caso da Serra do Peru. O potencial em belezas naturais e patrimônio cultural é facilmente reconhecido. No entanto, parece não haver uma consciência da população nem para as possibilidades de aproveitamento desse potencial, nem para a necessidade de preservação. Não existe informação disponível para quem chega de fora sobre os lugares de interesse e o acesso a eles; as pousadas não têm sites na internet para informações e reservas e não estão preparadas para receber um número de hóspedes além da média atual; as estradas de acesso à Serra do Peru estão em péssimas condições e não há qualquer tipo de sinalização.
Enquanto para algumas pessoas pode ter parecido incômodo ouvir alguém de fora indicar problemas em nossa comunidade, é preciso lembrar que sua fala visava, sobretudo, ressaltar o valor de uma riqueza que não está sendo aproveitada. E é difícil não concordar com Anamaria quando ela mostra uma foto recente de uma das grutas da Serra do Peru tomada por lixo não perecível ou das inúmeras pixações que tomam conta da pedra. O lixo já foi recolhido, pelo trabalho voluntário e a dedicação apaixonada de Inácio de Loiola Morais (Inacinho), que tem sido uma espécie de guardião da Serra.
Mas Anamaria lembra que preservar e desenvolver não pode ser trabalho de um homem só. É preciso que toda a comunidade perceba o quanto está perdendo ao abandonar e depredar suas riquezas e o quanto o cuidado com o meio ambiente poderia ser o caminho para um desenvolvimento sustentável, que beneficiaria toda a sociedade.

Texto: Ariadne Costa - Professora UEPB
Fotos: Asley Ravel

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